REQUIEM FOR THE INDIFFERENT
EUROPEAN TOUR 2012 22 de Abril de 2012
Hard Club
Line-up: XANDRIA, STREAM OF PASSION, EPICA
Texto & fotos: Renata LinoAinda não eram 19:00 e já a fila para a Sala 1 do Hard Club contornava a esquina da Sala 2. Os
XANDRIA, com os seus 15 anos de carreira, não eram uma banda de abertura qualquer e muitos eram os que não queriam perder pitada, especialmente quando a banda alemã tocaria apenas meia hora. Anda antes da abertura de portas, os guitarristas
Marco Heubaum e
Philip Restemeier, a cargo da respectiva banca de
merchandise, foram interpelados por diversos fãs para tirar fotos e autografar bilhetes.
Todos os seis temas que compuseram o curto repertório pertenciam ao mais recente trabalho dos
XANDRIA,
“Neverworld’s End”, com excepção do último,
“Ravenheart”- provavelmente a sua música mais popular, datada já de 2004.
Depois do incidente com o dedo indicador de
Nils Middelahauve, cuja infecção obrigou o baixista a já duas cirurgias (o Backstage Music Forum deseja-lhe uma rápida recuperação),
Fabio D’Amore dos austríacos
SERENITY assumiu as cinco cordas e parecia completamente à vontade, interagindo tanto com os restantes músicos como com o público, como se sempre tivesse pertencido à banda.
Philip falou num português “abrasileirado” – do que ele estava plenamente consciente e até pediu desculpa por tal! – que estariam lá fora, no final do concerto “do”
EPICA, se quiséssemos ir falar com eles. Dado o modo como o público gritou durante e entre as músicas, tenho a certeza que muitos o fizeram.
www.xandria.deCom menos “bagagem” mas igual reconhecimento, seguiram-se os holandeses
STREAM OF PASSION, numa actuação que a própria vocalista
Marcela Bovio descreveu como “lendária”. A sua origem mexicana permitiu que falasse praticamente o concerto todo num português com algum espanhol à mistura, mudando para inglês apenas na despedida para, à semelhança dos
XANDRIA, dizer que estariam junto das bancas de
merchandise à nossa espera, no final do evento.
Embora
“Darker Days” tenha sido lançado em Junho do ano passado, o repertório dos
STREAM OF PASSION foi mais variado que os seus antecessores, com temas dos três álbuns que gravaram até à data. Começaram com
“Lost”, continuaram com
“Passion” (do primeiríssimo
“Embrace The Storm”, ainda com a participação do aclamado
Arjen Lucassen), passando por temas como
“In The End” e a
cover dos
RADIOHEAD “Street Spirit”, e finalizando com
“This Endless Night”.
Apesar dos problemas técnicos na guitarra de
Eric Hazebroek, foram 45 minutos de uma qualidade indiscutível, em que não posso deixar de mencionar os saltos constantes do baixista
Johan van Stratum.
www.streamofpassion.com“Karma”, o tema introdutório de
“Requiem For The Indifferent”, tem pouco mais de minuto e meio, mas a intro do concerto pareceu-me mais longa. Membro a membro, os elementos dos
EPICA tomaram os seus lugares em palco e “atacaram”
“Monopoly On Truth”.
Quase sem interrupção, regressaram ao primeiro longa-duração,
“The Phantom Agony”, tocando
“Sensorium” – todo o concerto foi um vaivém pela sua discografia, obviamente com mais passagens por
“Requiem...”.
Depois de dizer que éramos
“hot” e
“steaming”, o guitarrista/vocalista
Mark Jansen agradeceu-nos por oferecermos-lhes a oportunidade de viver da música – o “obrigado” na nossa língua, uma vez que a namorada portuguesa do baterista
Ariën van Weesenbeek ajudou-o a corrigir a pronúncia tantas vezes que até
“já era automático” dizê-lo.
Além do profissionalismo e simpatia dos músicos, que por si só tornavam o concerto memorável, tivemos ainda um excelente jogo de luzes (e ventoinhas) para um impacto visual mais notável. E o novo baixista
Rob van der Loo, que foi obrigado a ficar de fora dos primeiros concertos da tour por motivos de saúde, estava de volta.
Mais para o final,
Simone Simons disse que naqueles 10 anos de
EPICA (que nem todas as bandas conseguiam atingir tal durabilidade), sempre tinham sido bem acolhidos pelos portugueses e que era bom estar de volta. Que se lembrava de ter tocado no antigo Hard Club,
“do outro lado do rio”, em 2005. E ao perguntar quem lá tinha estado, vários braços se ergueram entre as mais de 600 pessoas ali presentes. Apresentou então o “último” tema, que tinha sido tocado nesse outro concerto também:
“The Phantom Agony”. O que foi diferente foi uma parte da música, mais ou menos a meio, em que os teclados sofreram um
remix “apastilhado” e toda a banda se divertiu imenso a saltar e a dançar.
Claro que era o último tema antes do
encore, não do concerto. Enquanto o público gritava o nome da banda e as luzes do palco estavam semi-acesas, ouviu-se uma guitarra a tocar “acordes avulso”, uns deles dos “nossos”
MOONSPELL –
“Alma Mater”.
O teclista
Coen Janssen foi o primeiro a retornar ao palco, pegando no micro e dizendo que não só éramos bons bebedores como também um bom público. Que tal como
Simone tinha dito, era bom estar de volta ao Porto após
“7 mil anos”, num Hard Club melhor que o anterior – pessoalmente, discordo desta comparação, mas claro que gostei quando ele acrescentou que éramos merecedores do que havia de melhor. Prometeu que voltariam da próxima vez, se o prometêssemos também. Ouviu-se uma explosão de
“yeah!” ao que
Coen respondeu que estava então combinado.
“Cry For The Moon”,
“Unleashed”, um solo de bateria e
“Consign To Oblivion” foram os últimos temas de um concerto que ultrapassou os 90 minutos e visivelmente não desapontou nem os mais cépticos.
www.epica.nl