EUROPEAN TOUR - WINTER 2012 18 de Janeiro de 2012
Hard Club (Sala 2)
Line-up: KEN MODE, CIRCLE TAKES THE SQUARE, KYLESA
Texto & fotos: Renata LinoAlguns minutos antes do início do concerto, eram os próprios elementos dos
KILL EVERYONE NOW MODE (habitualmente encurtado para
KEN MODE) que preparavam o palco para a sua actuação – não só a afinação dos instrumentos mas a disposição de alguns focos brancos na parte dianteira do palco, que estiveram apontados para eles o tempo todo, criando uma luminosidade a que não costumamos estar habituados num concerto.
Era a primeira vez dos canadianos no nosso país, tal como disse o vocalista/guitarrista
Jesse Matthewson logo ao fim da primeira música. E acrescentando que estavam a divertir-se imenso naquela
tour com os
KYLESA e
CIRCLE TAKES THE SQUARE, agradecendo terem-nos levado com eles,
Jesse só voltou a falar no final, desta vez agradecendo ao público a sua presença e fazendo a habitual publicidade à banca de
merchandise. Durante o resto do concerto, a sua voz foi apenas usada para interpretar as músicas, em jeito de descarga eléctrica. Aliás, todo o seu corpo não parava, acompanhando o ritmo. O seu irmão
Shane na bateria e o recente baixista
Andrew LaCour não ficavam atrás, providenciando um intenso concerto de
noise rock.
Sem anunciarem temas nem havendo uma
setlist para a qual pudesse espreitar, não posso garantir títulos. Mas tendo
“Venerable” sido editado o ano passado e sendo o álbum que presentemente se encontram a promover, posso arriscar em temas como
“Obeying The Iron Will”,
“Never Was” e
“Book Of Muscle”. De trabalhos mais antigos, talvez
“The Hammer Party” e
“Extending Common Courtesy”.
O concerto terminou com
Jesse de joelhos no centro do palco, balançando-se como que a embalar-se a si próprio, desligando de repente os tais focos brancos e deixando-nos a bater palmas às escuras.
www.ken-mode.comCIRCLE TAKES THE SQUARE também nunca cá tinham tocado antes, mas não eram de todo desconhecidos do público – uma grande parte dele acompanhou as letras com entusiasmo. E mesmo quem não conhecia ficou agradado, pois praticamente toda a sala se mexeu ao som do
post-punk meio progressivo deste trio norte-americano.
A combinação das vozes de
Drew Speziale e
Kathy Stubelek é de uma força impressionante, e provavelmente o motivo de alguns críticos usarem o rótulo
“screamo”.
Promovendo o seu mais recente trabalho, o EP
“Decompositions, Volume 1, Chapter 1: Rites Of Initiation”, começaram no entanto com dois temas de 2004,
“Same Shade As Concrete” e
“Crowquill” (álbum
“As The Roots Undo”). Só então seguiram para as novas músicas, com ¾ de
“... Rites Of Initiation”:
“Enter The Narrow Gates”,
“Spirit Narrative” e
“Way Of Ever-Branching Paths”.
Drew agradeceu pelo menos duas vezes por nos termos deslocado ali naquela noite para vê-los, agradecendo também às restantes bandas. E tal como os
KEN MODE e todas as bandas do género, o “falatório” resumiu-se a isso, compensado pela excelência da
performance.
Quando
Drew disse que
“tinham mais uma para nós”, alguém gritou
“Our Need To Bleed”.
Kathy olhou para o rapaz, sorriu e disse
“That’s right. This one’s for that guy”.
http://ritualofnames.blogspot.com/E chegava a vez dos tão esperados cabeças de cartaz. Não sei se o concerto esgotou como da primeira vez que os
KYLESA estiveram cá, em 2010, mas se tal não se verificou, não deve ter faltado muito.
Abriram com
“Said And Done”, com
Laura Pleasants dizendo que era bom estar de volta.
O concerto focou-se nos dois últimos trabalhos da banda,
“Static Tensions” (2009) e
“Spiral Shadow” (2010), mas foram ainda mais atrás, deixando apenas o auto-intitulado álbum de estreia (2002) fora da
setlist.
Ao público, já “aquecido” das bandas anteriores, bastaram os primeiros acordes para partilhar a já conhecida energia dos
KYLESA.
Entre outros, pudemos ouvir
“Don’t Look Back”,
“Unknown Awareness”,
“Only One”,
“To Forget” e, claro,
“Hollow Severer”. Pelo meio, os bateristas
Carl McGinley e
Tyler Newberry presentearam-nos com uma
jam, e
“Running Red” e
“Where The Horizons Unfold” constituíram o
encore.
O movimento
sludge/psicadélico tem vindo a crescer nos últimos anos e os
KYLESA são definitivamente um marco no estilo. Não encontro os adjectivos certos para fazer jus a esta actuação, mas andará entre o “electrizante”, “agressiva” e, ao mesmo tempo, “cheia de alma”.
www.kylesa.com