LES VOYAGES DE L'ÂME TOUR EUROPE 2012 14 de Fevereiro de 2012
Hard Club (sala 2)
Line-up: SOROR DOLOROSA, LES DISCRETS, ALCEST
Texto & fotos: Renata LinoTendo os franceses a fama que têm acerca de serem os mais românticos, nada mais apropriado para o Dia dos Namorados do que um concerto com três bandas dessa nacionalidade.
Tenho andado algo afastada da realidade gótica e
darkwave, pelo que não conhecia de todo os
SOROR DOLOROSA. O mesmo não acontecia com grande parte do público que quase esgotou a sala 2 do Hard Club, aplaudindo com fervor no final da cada tema. Esse fervor ia aumentando progressivamente, pelo que entendo que mesmo quem não conhecia estava a gostar do que estava a ver/ouvir. Pessoalmente, fiquei bastante satisfeita por ver que ainda há “sangue fresco” com talento neste movimento.
Originalmente formados em 2001 em Toulouse, separaram-se quatro anos mais tarde, para ressurgirem em 2007 com a
line-up e identidade actuais. Em 2009 saiu o primeiro EP,
“Severance”, do qual ouvimos
“Beau Suicide” e
“43 Degrees”, e em 2011 o álbum de estreia
“Blind Scenes”, que estão a promover na presente
tour.
“Autumn Wounds”,
“Crystal Lane” e o brilhante
“Low End” foram alguns dos temas apresentados.
O vocalista
Andy Julia disse que a banda tinha passeado pela cidade e que esta era linda, que as pessoas eram afáveis e a comida muito boa. E que nós, público, estávamos a ser excelentes.
http://sorordolorosa.com/Quem conhecia
LES DISCRETS minimamente terá ficado algo confuso, uma vez que não se viu
Audrey Hadorn ou qualquer outra mulher subir ao palco, e mais dois elementos dos cabeças de cartaz além do baterista
Winterhalter (oficialmente comum a ambas as bandas), assumiram posições para tocar –
Pierre “Zero” na guitarra e
Neige no baixo.
As vozes de
Audrey foram substituídas pelo guitarrista e líder da banda
Fursy Teyssier, com
Zero a completá-las. Desconheço o motivo por trás da ausência de
Audrey, mas numa entrevista li
Fursy dizer que ela não voltaria aos palcos tão cedo – e uma vez que ainda aparece listada como membro da banda no seu
site oficial, presumo que não seja uma situação definitiva (ou pelo menos não de momento).
Depois de um
split EP precisamente com os
ALCEST, em 2009 (Fursy e Neige são amigos de infância), o álbum de estreia
“Septembre et Ses Derniéres Pensées” foi editado no ano seguinte. Deste álbum pudemos ouvir, entre outras,
“Les Feuilles de l’Olivier” e
“Song For Mountains”.
Está previsto para este mês a edição do segundo longa-duração, intitulado
“Ariettes Oubliées”, e apresentaram-nos já
“Le Movement Perpétuel” (que já tinha sido publicada num outro
split, desta feita com os
ARCTIC PLATEAU) e
“La Nuit Muette”.
Também
Fursy elogiou a “invicta”, o seu povo e comida, e agradeceu vezes sem conta a nossa presença e o modo como os recebemos. “Fantastic” foi o adjectivo usado, e creio que o sentimento era recíproco relativamente ao concerto.
www.lesdiscrets.comJá passava da meia-noite quando
“Autre Temps” deu início à tão aguardada actuação dos
ALCEST. Desde logo que o público foi embalado por tão envolventes melodias, explodindo em aplausos em todas as músicas.
Continuaram com
“Lá Où Naissent les Couleurs Nouvelles”, também do álbum que dá título a esta
tour, recuando então ao álbum de estreia com
“Les Iris”.
Não era a primeira vez dos
ALCEST no nosso país (embora nunca tivessem tocado na cidade do Porto), mas não impediu a banda de ficar tão surpresa com a recepção quanto os colegas das restantes bandas.
Passaram pelos três álbuns da sua discografia, que a maioria dos presentes parecia conhecer bem. A dada altura,
Neige anunciou que
“não tocavam aquilo muitas vezes” e bastaram os primeiros acordes de
“Sur l’Océan Couleur de Fer” para o público fazer uma pequena ovação – pequena só porque queriam focar toda a sua atenção em ouvi-la.
Winterhalter, que só toma parte deste tema mais ou menos a meio, aproveitou para sair da bateria e fumar um cigarro, enquanto contemplava os fãs, visivelmente satisfeito.
Depois de
“Percées de Lumière” saíram do palco, e passando já alguns minutos da hora prevista para o final do concerto, receava que fosse mesmo o fim. Mas os
ALCEST não desapontaram e voltaram para um
encore de dois temas:
“Souvenirs d’un Autre Monde” e
“Summer’s Glory”. A única coisa que não gostei foi como exageram para “criar ambiente”, uma vez que passei grande parte do tempo a tossir e a lacrimejar à custa do excesso de fumo. Mas isso passa rápido, as memórias de um grande concerto perduram.
www.alcest-music.com