XXV Tour
14 de Outubro de 2011
Hard Club
Line-up: KARPE DIEM, THE MISSION UK
Texto & fotos: Renata LinoEm 2008
Wayne Hussey anunciou uma “pausa indeterminada” (para muitos, “o fim”) nas actividades dos
THE MISSION UK. Três anos depois, ele conseguiu reunir dois dos elementos originais – baixista
Craig Adams e guitarrista
Simon Hinkler – para uma
tour de celebração dos 25 anos da banda. O aniversário já era um motivo válido por si só para encher a sala. O facto de ainda não haver certezas se a “pausa” irá continuar depois disto, tornava este concerto (e o de Lisboa) imperdível – a lotação do Hard Club esgotou cerca de uma hora antes da abertura de portas (que entretanto atrasou uns 40 minutos).
A última vez que os tinha visto tinha sido em 2005, no Hard Club original, com uma banda portuguesa na primeira parte. O que foi uma grande desilusão para mim, pois estava à espera dos noruegueses
ELUSIVE, e talvez por isso não tenha sido capaz de apreciar o concerto devidamente. Nem sequer cheguei a perceber quem eram, pois se o vocalista apresentou a banda, não me apercebi. E não encontrei nenhuma reportagem sobre o concerto que indicasse o seu nome. Mas a mesma banda voltou a ser escolhida para abrir para
THE MISSION e pude preencher essa falha do passado:
KARPE DIEM (curiosamente, existe uma banda norueguesa com o mesmo nome). Pude ainda prestar mais atenção e perceber que se trata, afinal, de uma boa banda, com um
rock consistente e uma
performance bastante activa.
Logo após começarem com
“Facada”, ocorreu um pequeno problema técnico na guitarra de
Nuno Moás, mas a que
Paulo Inácio deu a volta, aproveitando a situação para apresentar
“Não Me Leves A Mal”.
Umas breves palavras sobre a crise e política nacional, e
Inácio dedicou
“Silêncio” ao presidente da Câmara do Porto,
Rui Rio.
Havendo vídeos oficiais para
“Uma Cama No Chão” e
“De Todos Os Males”, eram dois temas que não poderiam faltar. No último, cantado por
Moás,
Inácio saiu do palco para ir buscar um cigarro e uma máquina fotográfica, com que tirou algumas fotos ao público, que batia palmas e saltava com vontade.
Encerram com
“As Pessoas (Como Se A Pressa Fosse Urgente)” e um
“até breve”.
www.karpediem.org/rosto.htm“Dambusters March”, da banda sonora do filme
“The Dam Busters” (1955), fez-se ouvir quase às 22:30, sendo os seus primeiros segundos abafados pelos gritos e aplausos do ansiosos fãs – gritos e aplausos que triplicaram de intensidade quando os britânicos pisaram o palco.
O público mostrou a sua lealdade desde a primeira música,
“Beyond The Pale”, até à última,
“1969”. O maior ênfase era nos refrães, que
Hussey nos deixava cantar sozinhos, mas o acompanhamento mantinha-se por toda a música.
Hussey agradecia constantemente, em português, e depois de
“Severina” disse-nos, também na nossa língua (a sua esposa é brasileira e há muitos anos que Hussey reside no Brasil) que estava com gripe e precisava da nossa ajuda na canção seguinte. Não disse o título, mas não era preciso – não creio que tenha havido alguém a não reconhecer
“Butterfly On A Wheel”. Assim como também não acredito que fosse por esta ser a minha música preferida que me deixou completamente arrepiada ao ouvir a dita ajuda do público – foi mesmo um dos (muitos) momentos altos da noite. Destaco ainda a força que
Hussey pôs na palavra
“sharp” (
“cold autumn winds cut sharp as a knife”) e como no final nos disse que cantávamos melhor que ele.
“Wasteland” também marcou a noite, a seguir à qual
Hussey entregou uma palheta a uma fã na primeira fila, e em
“Deliverance” a banda abandonou o palco no final, deixando-nos a gritar
“... give me deliverance, deliver me” por nossa conta.
Para o primeiro
encore, apenas
Hussey regressou com a sua guitarra, perguntando se estávamos a ter uma boa noite e acrescentando
“muito quente” – o que era um eufemismo. O Hard Club parecia uma autêntica sauna, a roupa colava-se ao corpo de toda a gente, de tão molhada que estava, mas ninguém parecia muito preocupado com isso.
Hussey anunciou então que iria tocar aquela música sozinho – referindo-se aos restantes elementos da banda, obviamente, pois o público não o abandonou. Tal como na Queima das Fitas do Porto de 2000, na primeira vez que os vi,
“Like A Child Again” foi interpretada em semi-acústico.
Todos dançámos ao som de
“Tower Of Strength” e, mais para o final,
Hussey decidiu refrescar-nos um pouco, atirando uma garrafa de água aberta.
Voltaram a deixar o palco depois de
“Blood Brother”, regressando para o último
encore com
“1969”.
Hussey poderia estar gripado (de facto a sua voz estava algo nasalada) mas a sua prestação em palco não desapontou ninguém. Um concerto memorável, sem dúvida.
http://themissionuk.com/wp/