THE BEGINNING OF TIMES
EUROPEAN TOUR
20 de Novembro de 2011
Hard Club
Line-up: NAHEMAH, LEPROUS, AMORPHIS
Texto & fotos: Renata LinoComo já vem sendo habitual no Hard Club, o número de pessoas à abertura de portas não era nem um décimo do que mais tarde se verificaria. Mas a expressão “poucos mas bons” aplicou-se e os espanhóis
NAHEMAH foram bem recebidos.
Só dois dias antes soube que iriam abrir a noite e não tive tempo de investigá-los (já que nunca tinha ouvido falar neles), apenas de constatar que se tratava de uma banda de
death metal progressivo (que tinha começado como
black metal sinfónico) proveniente de Alicante. Não foi a diferença de estilo que estranhei – está na moda misturar vários tipos de metal no mesmo cartaz, e uma vez que os
LEPROUS são também progressivos, os
NAHEMAH não destoavam assim tanto. O que achei curioso nesta escolha foi o facto de o seu mais recente trabalho datar já de 2009 (
“A New Constellation”). Por outro lado, o álbum de estreia
“Chrysalis” foi disponibilizado novamente, para celebrar o seu 10º aniversário, e em Junho anunciaram que tinham passado os meses anteriores numa “pausa criativa”, durante a qual tinham composto músicas que acreditavam vir a pertencer ao melhor álbum dos
NAHEMAH até à data, um “passo em frente em termos de qualidade e espiritualidade”. A última música tocada no Hard Club foi uma dessas novas, mas infelizmente não consegui perceber o título que
Pablo Egido anunciou – embora o seu inglês fosse perfeito. E aproveito essas mesmas palavras – qualidade e espiritualidade – para caracterizar este concerto.
http://nahemahband.com/Quando os elementos dos
LEPROUS tocaram com
Ihsahn na edição do Vagos Open Air deste ano, gostei bastante do que vi. O talento destes jovens noruegueses era palpável. Mas quando vi que o que a sua própria banda tocava era metal progressivo, perdi a vontade de aprofundar o meu conhecimento – os meus ouvidos preferem coisas mais simples, menos trabalhadas... Admiro a destreza deste tipo de músicos, mas o som em si costuma aborrecer-me. Por isso foi com grande surpresa que dei por mim a aplaudir entusiasticamente o concerto dos
LEPROUS! Os “floreados técnicos” e as mudanças de andamento são q.b., parando no momento exactamente antes de se tornarem maçadores. E, claro, a expressividade/movimentação com que actuam, tornando quase impossível tirar uma fotografia focada. Muito bom mesmo. O vocalista/teclista
Einar Solberg agradeceu e elogiou o público mais do que uma vez, que por seu turno apoiava a banda com palmas e berros de aprovação. De gravata (no caso de
Einar, laço) e calças e colete de fato clássico, trouxeram até nós um repertório quase todo constituído por temas de
“Bilateral”, trabalho editado este ano, começando com
“Thorn” e acabando com
“Forced Entry”. Pelo meio tocaram ainda
“Passing” e
“Dare You”, do anterior
“Tall Poppy Syndrome” (2009).
www.leprous.netEram quase 23:00 quando finalmente a
intro dos
AMORPHIS se fez ouvir e, um a um, os cabeças de cartaz tomaram as suas posições no palco –
Tomi Joutsen sendo o último, claro.
Promovendo
“The Beginning Of Times” (curiosidade: álbum produzido por
Marco Hietala, baixista dos também finlandeses
NIGHTWISH), a primeira música foi retirada precisamente deste trabalho:
“Song Of The Sage”. Dali seguiram para o segundo
single,
“My Enemy”, antes de retrocederem até ao primeiro álbum de
Joutsen com a banda,
“Eclipse”, através do tema
“The Smoke” (que na
setlist estava designada
“Smoke Spliff” – charro).
Só mais duas músicas novas foram tocadas –
“You I Need” e
“Crack In A Stone”, sendo o resto do repertório um desfile de clássicos, como
“Against Widows”,
“Vulgar Necrolatry” ou
“Black Winter Day”. Esta foi a última antes do
encore, enquanto que
“Vulgar...” teve uma
intro peculiar – uma paródia aos versos iniciais de
“Pussy” dos
RAMMSTEIN.
E para além dos clássicos “verdadeiros”, tivemos também os piadéticos. Numa altura em que o público sugeria a próxima música, alguém gritou
“I want a beer!”. Joutsen disse que seria esse, uma vez que era um dos maiores clássicos dos
AMORPHIS.
Esa Holopainen começou a improvisar uma música tipo as que se ouve nas feiras populares, que o resto da banda acompanhou prontamente, enquanto
Joutsen cantava em vários tons de voz
“I want a beer”.
“Silver Bride” abriu o
encore,
“My Kantele” foi o intermédio – com
Holopainen a tocar os acordes finais numa guitarra acústica, aproximando-se do som de um verdadeiro
kantele – e
“House Of Sleep” fechou este excelente concerto, depois de mais um “grande clássico” da onda de
“I Want A Beer”. Este denominava-se
“I Want To Go To The Black Metal Party” e
Joutsen cantava com sotaque jamaicano, para tornar mais credível a sonoridade
reggae do tema.
Ainda a destacar a prestação vocal do público em
“House Of Sleep”, que cantou sozinho um dos últimos refrães.
http://amorphis.net