2010/09/04, Velha Guarda IV - 2ª parte

4 de Setembro de 2010
Teatro Sá da Bandeira, Porto

Line-up: Assassinner, Disaffected, Demon Dagger, Why Angels Fall, Sacred Sin

Texto & fotos: Renata Lino

Mesmo depois dos MIDNIGHT PRIEST reduzirem o set, o intervalo para jantar atrasou cerca de meia hora. O que significa que a abertura de portas para a segunda parte atrasou outra meia, e soundcheck aqui, pormenores ali, eram praticamente 22:00 quando os ASSASSINNER começaram a tocar. Estavam ainda menos pessoas presentes, mas ainda tínhamos esperança que estivessem nalgum restaurante a comer a sobremesa. Mas acabámos por perceber que muitos tinham prolongado essa sobremesa até à hora de ir para a cama…
A “Xtreme music for xtreme people” dos ASSASSINNER não foi suficientemente extrema para aquele público, que pouco ou nada se mexeu. Bons músicos, e gosto de como a voz do guitarrista Ary completa a de Alexandre “Xne” em vários temas – pode não ser o thrash típico que os moshers gostam de dançar (sim, dançar – se procurarem pela palavra mosh na Wikipedia, diz-vos que é um tipo de dança em concertos), mas mereciam um pouco mais de entusiasmo.
Alexandre agradeceu a Rick a oportunidade de ali tocar e o empenho com que ele organizava aquele festival, abrindo portas para novas bandas se expressarem. Do mesmo modo que agradeceu aos DISAFFECTED e aos SACRED SIN, por tudo o que fizeram no metal português. “A Velha Guarda nunca esquece” e, obviamente, não estava a falar do fest.
www.myspace.com/assassinner


O cartaz indicava os DEMON DAGGER a seguir. Como não sou grande fã, e de qualquer modo não havia multidão para eu ter que ficar a garantir o meu lugar na primeira fila, fui socializar. Quando estamos na galhofa entre amigos é natural perder a noção do tempo, mas de repente lá me lembrei que o concerto já devia ter começado há muito. Até já brincávamos, perguntando se o baixista deles também tinha desaparecido. Não olhei para o relógio mas creio não estar a exagerar se disser que passou quase uma hora até as luzes do palco reacenderem.
Mas não eram os DEMON DAGGER e sim os DISAFFECTED. Foi um concerto bastante… estranho. Digamos que o som de DISAFFECTED não entra facilmente em qualquer ouvido. Death metal progressivo, com um teclado que de vez em quando interrompe o andamento. Seria um pormenor interessante se não fosse tão repetitivo. Além disso, usam bateria electrónica e o som estava a sair bastante seco e a abafar os restantes instrumentos. O vocalista/guitarrista José Costa (também dos SACRED SIN) não parecia de muito bom humor e apenas o baixista António se mexia. Houve um tema que terminou tão abruptamente que o público até se esqueceu de aplaudir. Noutras circunstâncias talvez tivesse sido um bom concerto. Ali não foi.
www.myspace.com/disaffectedmetal


Em terceiro tocaram então os DEMON DAGGER. O vocalista Litos agradeceu encarecidamente aos DISAFFECTED terem trocado com eles. O baixista Paulo estava a tocar no Metalcoura com a sua outra banda, DECREPIDEMIC, e atrasou-se. Não pude deixar de me rir ao pensar que afinal tínhamos razão – era mesmo o baixista que estava “desaparecido”.
O thrash dos bracarenses animou o ambiente e as poucas alminhas que ali pairavam acordaram. Principalmente na cover de PANTERA “fucking hostile”. Estiveram muito bem.
www.myspace.com/demondagger


Com WHY ANGELS FALL o público voltou a adormecer, quase literalmente. Não me interpretem mal, a banda é muito boa! A sonoridade é bastante envolvente. Mas uma banda doom a tocar à uma da manhã, perante uma audiência escassa que já tinha assistido a oito bandas antes daquela… mau timing. Mas gostei bastante dos 5 “monges”. Têm potencial. A quem gostar deste tipo de música, aconselho vivamente o álbum “the unveiling”.
www.myspace.com/whyangelsfall


E por fim os SACRED SIN. Não reconheci a primeira música – não conheço a fundo o trabalho da banda – mas quando José Costa disse “para quem recorda o ano de 95”, adivinhei logo que as palavras seguintes seriam “eye M god”. Para quem ainda andava de fraldas no final da década de oitenta, pode não saber que há 15 anos não existia uma MTV em cada país. Existia a emissão americana e a europeia. E os SACRED SIN lograram ter os seus vídeos “darkside” (1993) e “eye M god” (1995) a passar no MTV Headbangers’ Ball de Vanessa Warwick, sendo a primeira banda portuguesa no mítico programa. Por isso me recordava tão bem do tema.
As bandas da noite tocaram notoriamente menos tempo que as da tarde, mas ainda assim o atraso era grande e foi um choque quando José anunciou logo a seguir, na terceira música, o fim do concerto! Mas não achei bem ele indirectamente ter culpado o Rick por isso, dizendo que “por ele estava ali a tocar até às quatro da manhã, mas havia pessoas que estavam ali para fazer cumprir horários e não tinham feito o seu trabalho”. Principalmente quando os DISAFFECTED, a sua outra banda, tinha demorado tanto tempo para entrar em palco, ainda que tivesse havido a troca na line-up.
Saíram, a música ambiente começou a tocar, mas o público pediu mais uma e não foi preciso insistir para que os SACRED SIN voltassem e rebentassem com o clássico “darkside”.
www.myspace.com/sacredsinweb

Sim, gosto muito de Sacred Sin, mas a boca em relação à (des)organização caiu-me muito mal, sabendo o que o Rick tem apostado e gastado do seu tempo, vida e bolso neste festival para que apareçam poucas dezenas de amigos.
A culpa não foi dele, o atraso das bandas a seguir ao jantar foi notório e o espaço (como me lembro de acontecer por várias vezes em locais como o Hard Club, Porto Rio e Maré Alta) estava alugado para uma outra festa a seguir, por isso foi ve-los a varrer o local de copos e pessoal em poucos minutos.

De tanto esforço que a organização teve deve de ser frustrante o público não corresponder.
Tinha tudo para ser um bom festival

Mais uma vez:
Grandes fotos e grande reportagem!
Parabéns Renata!
Sobre o Fest prefiro não fazer comentários para não ser desagradável...
Aliás, o André disse praticamente tudo!...

Obrigado a todos pelo elogio à report.

Sim, como se já não bastasse a falta de apoio em termos de público, ainda ter de ouvir bocas foleiras de quem lá foi tocar... Enfim, é o que temos.

On Fire wrote:

Pieni wrote:

Obrigado a todos pelo elogio à report.

Sim, como se já não bastasse a falta de apoio em termos de público, ainda ter de ouvir bocas foleiras de quem lá foi tocar... Enfim, é o que temos.

Não sei o que se passou mas sendo criticar negativamente as bandas é de lamentar