VELHA GUARDA FEST IV
1ª parte
4 de Setembro de 2010,
Teatro Sá da Bandeira, Porto
Line-up: Arentius, Equaleft, The Endgate, Daemogorgon, Midnight Priest
Texto & fotos: Renata LinoPela quarta vez, Ricardo “Great Rick” Soares reuniu 10 bandas do
underground nacional no festival Velha Guarda. E pela quarta vez, não teve a merecida adesão.
Talvez um espaço menor saísse mais barato e não se notaria tanto a escassez de público. Talvez aparecesse mais gente se, para quem só pudesse ir à noite, o preço fosse menor. Mas Ricardo considera isso desvalorizar o festival, e são muitos “talvezes” que no final poderiam ter o mesmo resultado que as condições actuais tiveram.
Cheguei ao Teatro Sá da Bandeira por volta das 14:45 e, como esperava, não havia propriamente uma multidão à porta. No entanto, depois de entrar, pareceu-me contar mais pessoas que nas edições anteriores, àquela hora – a tendência é para o número aumentar à medida que a noite se aproxima, e fiquei satisfeita com a possibilidade. Tal acabou por não acontecer, pelo contrário, mas já lá vamos.
Não conhecia a primeira banda,
ARENTIUS, mas não é difícil entender porquê: oriundos de Almada, esta era a primeira vez que estavam a tocar fora da Margem Sul. E dado que têm apenas uma música gravada,
“the myth” (que podem ouvir em
www.myspace.com/arentius), presumo que sejam uma banda relativamente nova. O que não significa que não sejam bons (aliás, li que venceram o 6º Concurso de Música Moderna de Almada) ou que não estejam à vontade em palco. Quer dizer, o vocalista Sérgio pareceu-me um bocadinho nervoso, mas só quando falava ao público. Enquanto interpretava as músicas (com uma boa voz, deixem-me acrescentar), revelou uma expressiva presença em palco, percorrendo-o de um lado ao outro. Metal com influências
rock, terminaram com
“curse”, tema mais melódico em que Sérgio assumiu também papel de terceiro guitarrista. Foi um bom concerto. Espero que da próxima vez que tocarem “cá em cima” (Gaia em Peso, parece-me) tenham mais público para confirmar isso.
Seguiram-se os
EQUALEFT, banda que normalmente provoca “grande festarola” na linha de frente. Não fugiu à regra no Velha Guarda, mas o movimento foi mais fraco. Não que a prestação da banda estivesse a ser inferior – pelo contrário! Com a aproximação do lançamento do EP
“the truth unravels” (25 de Setembro), os
EQUALEFT mostram cada vez mais energia em palco. Mas provavelmente a falta de pessoas para formar uma roda em condições fez com que até a usual “brigada do
mosh” (Tiago, Diana & Co.) se contivesse um pouco.
A iluminação do palco foi mínima durante a intro, mas não intensificou muito quando
“invigorate” começou. Mal conseguia ver as caras dos músicos, e nem me apercebi do tombo que Miguel “Inglês” deu, depois de ter escorregado numa garrafa de água entornada. E também só quando fui para o lado direito do palco é que reparei que Tiago “Maglor” tinha na cabeça um capacete de
Stormtrooper (Guerra das Estrelas).
Entre as músicas seguintes,
“suffer no more” foi dedicada a um familiar de Miguel e ao vocalista dos GATES OF HELL, Zé, que se encontram ambos no hospital. As melhoras!
Para a
cover de Carlos Paião,
“playback”, Miguel tentou que o público subisse ao palco para ajudá-lo a cantar. Apenas uma pessoa o fez, de modo que decidiu descer ele. Mas dados os protestos do técnico de som, lá teve de regressar ao seu lugar e cantar sozinho, virando o micro para a plateia durante o refrão.
“Sleep when I’m dead”, a “música dos verdadeiros insurrectos”, deveria ser a última, mas ainda houve tempo para
“enough of this”.www.myspace.com/equaleftA avaliar pelo número de t-shirts que se via por ali,
EQUALEFT e
THE ENDGATE eram as bandas com mais fãs presentes. E de facto,
THE ENDGATE também teve direito a “bailarico”.
O início atrasou alguns minutos, devido a um problema numa fonte de alimentação, creio, que estava a causar um ruído bastante incomodativo. Filipe dos GATES OF HELL até brincou, dizendo que parecia uma central eléctrica.
Tiago estava engripado e rouco, mas não o suficiente para prejudicar a sua prestação vocal. Nem o seu bom humor – deu as boas tardes ao Velha Guarda imitando João Chaves do programa de rádio “Oceano Pacífico”.
O guitarrista Pedro Almeida não pôde estar presente devido a um compromisso no país vizinho, de modo que outro Pedro, Pedro Afonso dos GATES OF HELL, deu uma ajuda aos colegas. Outra alteração na
line-up, esta definitiva, foi o baixista João “Wor C” (ex-guitarrista dos WARCHITECTT), aquisição que Tiago disse ter custado 1.599.000,00 €.
Não sei há quanto tempo Wor está com a banda, mas dava a sensação de estar lá desde sempre. E Pedro também se saiu muito bem – no final apercebi-me dos elementos da banda não só agradecerem como darem os parabéns ao rapaz.
Death metal do melhor que por cá se faz.
www.myspace.com/theendgateband Não sei o que aconteceu a algumas pessoas depois deste concerto, mas sei que a plateia não estava tão povoada quando os vimaranenses
DAEMOGORGON subiram ao palco. Música extrema mas bem definida, como aliás já tinha dito da última vez que os vi, no Moita Metal Fest deste ano.
Ouvi Francisco anunciar o tema
“inner evil”, e que o seguinte fazia parte do EP
“Chaos.Through.Phobia” e era dedicado “às nossas meninas” (para usar as suas próprias palavras) mas não percebi o título. Da mesma forma que não percebi qual a cover de BEHEMOTH que tocaram – aproveitando para desejar força ao vocalista/guitarrista polaco, Nergal, que se encontra em risco de vida com leucemia. Entretanto o guitarrista Carlos informou-me que tinham sido
"temple of dementia" e
"chant for Eschaton 2000", respectivamente. Obrigado, Carlos.
Outro bom concerto que merecia mais audiência.
www.myspace.com/daemogorgonchaos A última banda da tarde era
MIDNIGHT PRIEST, de Coimbra. Estava na conversa com amigos enquanto esperava que fossem feitas as devidas alterações em palco, quando me apercebi que NÃO havia movimento neste e que já tinha passado algum tempo considerável. Perguntei ao Rick o que se passava e pelos vistos o baixista estava “desaparecido”. Foi esse mesmo termo que um dos guitarristas (Iron Fist Commander, penso eu) usou quando subiu ao palco para fazer o comunicado: que o baixista estava desaparecido em combate e se não aparecesse dentro da meia hora seguinte, seriam obrigados a cancelar a actuação. Convidou o público a espancá-lo, meninas de preferência.
Mas Joe “Murderface” Dalton acabou por aparecer e não houve qualquer motim. Devido ao atraso encurtaram o alinhamento, mas tocaram todas as músicas que o entusiástico público acompanhou:
“rainha da magia negra”, “numa campa de cristal”, “juízo final”… Apresentaram
“ferro em brasa” como sendo uma música para todos os fãs de JUDAS PRIEST. Pudera – a música é praticamente um
copy+paste da
“frewheel burning” da banda britânica. Quando perguntei a um amigo se era impressão minha, ele respondeu que não, que aquilo era um
franchising dessa música. Ah ah!
Noutro tema reconheci malhas evidentes da
“aces high” dos IRON MAIDEN, mas
rip-offs ou não, foi a banda que melhor foi acolhida em todo o festival.
www.myspace.com/midnightpriest