SWR PORTO HARD
1º dia
4 de Outubro de 2011
Hard Club
Line-up: UTOPIUM, MIDNIGHT PRIEST, MARUTA, WORMROT, ENFORCER
Texto & fotos: Renata LinoA
SWR Inc. apresenta-nos mais um festival para agradar a gregos e troianos. No primeiro dia, o alvo eram os amantes do
heavy metal clássico e os do
grindcore. Géneros extremamente opostos, é verdade, mas o alinhamento pareceu resultar.
Houve uma ligeira confusão com os horários, pois 21:00, afinal, marcava o início do evento e não a abertura de portas. Não que tenha havido grande diferença: a sala abriu breves minutos antes, e os lisboetas
UTOPIUM subiram ao palco não muito depois.
Àquela hora o Hard Club estava praticamente vazio, e notava-se o desapontamento na cara do vocalista
R. Mas entregou-se à música como se estivesse rodeado de fãs.
Aos poucos foram chegando mais pessoas e os aplausos tornavam-se mais audíveis, embora tenha a certeza que quase ninguém conhecia a banda. Isto porque quando as músicas acabavam de repente, como é tão habitual no
grindcore, o público hesitava, na dúvida se realmente tinha chegado ao fim. Mas depois lá batiam palmas com vigor e até gritavam em aprovação.
Como houve poucas palavras – os
UTOPIUM tinha apenas meia hora para tocar – e eu era uma das pessoas que os desconhecia, não sei dizer que músicas foram tocadas. Sei que no ano passado editaram o EP
“Conceptive Prescience”, mas este nem 20 minutos tem, por isso é provável que tenham tocado material a ser editado num próximo trabalho.
A prestação em palco foi muito boa, cheia de raiva e adrenalina, e se mais gente estivesse presente, com certeza teria havido um
moshpit.
www.myspace.com/utopiumgrindSeguiu-se “a armada do
heavy metal português”,
MIDNIGHT PRIEST. Pessoalmente, continuo a não achar grande piada a esta cópia de
IRON MAIDEN e
JUDAS PRIEST – pois mais do que influência destas duas bandas e outras do género, as músicas ditas originais têm
riffs exactamente iguais às dos “mestres”. Mas os fãs – e os
MIDNIGHT PRIEST têm muitos – parecem não se importar, pelo contrário, e é isso que conta. Este concerto foi uma festa, apesar do vocalista
The Priest se ter queixado a princípio que
“o Porto estava morto”. Não tardou para que o público o contrariasse, gritando as letras de músicas como
“Juízo Final” ou
“À Boleia Com O Diabo”, erguendo os braços (e copos de cerveja) no ar, abanando a cabeça, tocando
air-guitars.... Tal como disse, uma festa de
heavy metal.
Sim, claro que tocaram
“Rainha Da Magia Negra”, mas foi das primeiras – aliás, creio que foi mesmo a primeira música do concerto – e o público ainda estava a aquecer.
No final, a banda estava relutante em sair do palco, com vontade de tocar a “mais uma!” que os fãs pediam. Mas os minutos estavam contados e o palco tinha de ser preparado para os
MARUTA.
www.myspace.com/midnightpriest O Estado da Florida parece ter um
underground rico em bandas de
grindcore, e é de lá que vêm os
MARUTA. “Abrasivo” é um adjectivo muito usado nas definições deste estilo musical e é o que vou usar agora para caracterizar o som desta banda – abrasivo e violento. O vocalista e fundador
Mitchell Luna lembra-me bastante
Barney Greenway dos
NAPALM DEATH, não só pela força extrema das suas cordas vocais mas também pela maneira frenética como percorre o palco, sendo um verdadeiro pesadelo para os fotógrafos.
Depois de
“In Narcosis” (2008),
“Forward Into Regression” viu a luz do dia dois anos depois, com um novo baterista (depois de
Nick Augusto ter deixado a banda para juntar-se aos
TRIVIUM – acho que ninguém pode duvidar que “diferenças musicais” estejam na base desta saída) e, pela primeira vez, um baixista, o que certamente deu um requinte mais técnico ao som da banda, mas não tirou, de todo, qualquer brutalidade.
Há duas semanas em
tour com os
WORMROT,
Luna afirmou que estava a ser excelente e era um prazer estar em Portugal pela primeira vez.
“The Great Delusion” e
“Hand Of The Overseer” foram dois dos temas que consegui distinguir.
www.myspace.com/marutaCom apenas 4 anos de existência, os
WORMROT estão a percorrer um caminho invejável... desde Singapura. Depois de terem impressionado o
big boss da Earache Records com o seu primeiro álbum
“Abuse”, agora conquistam os seguidores do género. O concerto no Hard Club foi prova disso, quando ouvi imensos elogios de pessoas que desconheciam a banda.
Três músicos apenas – voz, guitarra e bateria – mas o “barulho” de que são capazes! O registo vocal agudo de
Arif parece que vai rebentar-lhe a garganta a qualquer momento, ao mesmo tempo que o seu corpo se move em todas as direcções, ao ritmo da música.
Tocaram uma música nova,
“Breed To Breed”, do EP
“Noise”, editado há duas semanas, e
“Plunged Into Illusions”, do segundo álbum
“Dirge”, também deste ano, foi
“just for you, guys”.
www.myspace.com/wormrotgrindO final da noite voltou-se novamente para o
heavy metal, desta vez com
speed à mistura, cortesia dos suecos
ENFORCER.
A música que se ouvia no Hard Club entre as bandas era variada, pelo que a maior parte não se apercebeu que
“Diamonds And Rust” dos
JUDAS PRIEST era o tema que antecedia o início do concerto – parece que tem sido assim noutras datas também. Talvez pelo mais recente trabalho dos
ENFORCER intitular-se
“Diamonds”.
Depois da saída do guitarrista
Adam Zaars, em Março,
Olof Wikstrand acumula agora essa função à de vocalista. Quem não soubesse, não diria que a guitarra ritmo está a seu cargo apenas há 7 meses, dada a sua grande
performance.
Este concerto foi uma excelente viagem ao passado, até aos anos ’80, a época dourada deste estilo de música. Mas, como os
ENFORCER disseram uma vez à Sweden Rock Magazine, o
heavy/speed não é
old school e sim intemporal. E a avaliar por este concerto, não está certamente fora de moda. Até os adeptos do
grindcore, que lá estavam pelas outras bandas, ficaram rendidos.
Durante mais de uma hora puderam ouvir-se temas como
“Roll The Dice”,
“On The Loose” e
“Midnight Vice”. Tocaram ainda uma música nova, a fazer parte do próximo trabalho, mas cujo título só percebi metade.
“Death Rides With” qualquer coisa.
Deixaram o palco depois de
“Take Me To Hell” e voltaram para o encore com
“Evil Attacker”.
Joseph Tholl tocou o solo de guitarra deste tema no meio do público.
Era suposto ter havido fogo, uma vez que estavam em palco dois aparelhos para o efeito – constantemente a deitar gás, devo acrescentar. Mas chamas mesmo, nem vê-las. Talvez devido à proximidade do público tenham achado que não era seguro. E a verdade é que não eram precisas chamas para aquecer o ambiente ou dar mais impacto a semelhante espectáculo.
www.enforcer.se