reportagem
VAGOS OPEN AIR
2º DIA
6 de Agosto de 2011
Lagoa de Calvão
Line-up: WE ARE THE DAMNED, MALEVOLENCE, KALMAH, IHSAHN, DEVIN TOWNSEND PROJECT, MORBID ANGEL
Fotos: Sandra Manuel
Texto: Renata LinoDepois do atraso da noite anterior, a primeira banda do segundo dia,
WE ARE THE DAMNED, começou 5 minutos mais cedo.
Crust punk de Lisboa, cheio de atitude e determinação.
O vocalista
Ricardo Correia perguntou se tínhamos visto e gostado dos
REVOLUTION WITHIN e dos
CRUSHING SUN no dia anterior, e passou o já habitual recado de que há que apoiar o que é nosso e mostrar “aos de lá de fora” o que de bom se faz aqui (não foram bem estas as palavras, mas foi esta a ideia).
Correia apresentou
“Devorador dos Mortos” falando do vídeo que haviam gravado para o tema, que era considerado “pouco ortodoxo para passar na m**** da nossa televisão”. No YouTube, por outro lado, já quase que atingiu as 17.000 exibições.
“Ninguém aqui curte
covers, mas vamos fazer uma especial excepção”:
“Into The Crypt Of Rays”, dos
CELTIC FROST, que a banda gravou em 2009, juntamente com
“Acid Queen” dos
VENOM, e editou sob o nome
“Metal Classics Vol. 1”.
Não consegui decifrar qual o último tema, mas antes de a tocarem,
Correia disse ao público “não gostam, não oiçam. Não falem mal que isso é feio pa’ c******”.
http://www.myspace.com/wearethedamnedSeguiu-se o
death/doom dos
MALEVOLENCE. A banda de Leiria não tem nada novo cá fora desde 2005
(“Celebration Of Dysfunctional Becoming”), mas estão neste momento a remediar isso – um novo álbum será gravado no final deste ano e posto no mercado em 2012. Os seus 17 anos de carreira também deverão ter pesado na decisão de inclui-los no cartaz deste ano.
Um dos primeiros temas foi
“Dominion Of Hate”, da muito aclamada
demo (a nível
underground) de 1994,
“Pleasure Of Molestation”.
“Para que a nossa chama nunca se apague em Portugal” foi como
Carlos Cariano apresentou
“Oceans Of Fire”.
Entre os outros temas que se puderam ouvir naquela tarde, destacam-se
“Hunters Of The Red Moon”,
“Equilibrium In Extremis” e o “tema muito conhecido” (segundo as palavras de
Cariano),
“A Shinning Onslaught Of Tyranny”.
http://www.myspace.com/malevolenceinfernoTambém a estrear-se no nosso país estiveram os finlandeses
KALMAH. Os
“Swamplords” começaram logo a rasgar com
“Hook The Monster” e
“They Will Return”.
Pekka Kokko disse então que era um prazer estar ali, que quando estava na Finlândia ponderou se deveria vir ou não, mas que ao olhar para nós, tinha definitivamente tomado a decisão certa. Agradeceu e anunciou que ia levar-nos a todos
“Swamphell” adentro.
Antes de pedir ajuda para cantar o refrão de
“For The Revolution”,
Pekka perguntou se conseguíamos gritar. Os vocalistas nunca ficam satisfeitos com o primeiro berro do público e dizem sempre alguma coisa para o picar e incitar a gritar mais alto, mas acho que nunca tinha ouvido algo tão engraçado como
“Ah, Portugal, a bunch of Mickey Mouses”.
“Enough of speed” foram as palavras que usou para apresentar
“The Black Waltz”, mas não tenho a certeza se o
mosh e
crowdsurf abrandaram.
Dando-nos as boas vindas a
“Hades”, os
KALMAH tocaram a sua última música.
http://www.kalmah.com/IHSAHN, a banda, é constituída pelo homem que lhe dá o nome acompanhado pelos
LEPROUS, banda de metal progressivo da mesma cidade, Notodden.
“The Barren Lands” deu início a um concerto surpreendente, que muitos esperavam com ansiedade.
Para além da qualidade dos músicos, destaco ainda a presença em palco do teclista
Einar Solberg, também ex-membro (ao vivo) dos
EMPEROR.
A seguir a
“Called By The Fire”,
Ihsahn manteve-se no tema fogo: dizendo muito casualmente que alguns de nós deveríamos saber que antes desta “coisa a solo” em que estava agora, ele costumava tocar
“in this band back in Norway”, e que tinha pensado em tocar uma dessas músicas mais antigas.
“Is that okay?”. A resposta era óbvia, e acrescentando que se tratava de uma música que na verdade não tinha sido muito tocada ao vivo, seguiu-se
“The Tongue Of Fire” dos
EMPEROR.
Tocaram ainda
“Unhealer” (aqui sem
Mikael Åkerfeldt),
“Citizen” e
“Frozen Lakes On Mars”, passando por mais uma música de
EMPEROR,
“Thus Spake The Nightspirit” (que o público acompanhou tanto com palmas como com cantoria), terminando com
“On The Shores” e as palavras
“It’s been a pleasure. Thank you very much”.
http://www.ihsahn.com/Enquanto os ecrãs gigantes passavam um
slideshow de sátiras
“Townsendianas” a cartazes cinematográficos e diversas imagens famosas, a Ziltoid Radio (frequência 93.5) transformou o recinto numa discoteca dos anos 90, passando músicas de
VENGABOYS,
LOU BEGA e
AQUA. O sentido de humor de
Devin Townsend às vezes é irritante... Mas
“Addicted!” lá arrancou e o público imediatamente esqueceu a tortura sonora do último quarto de hora.
O “génio” canadiano é extremamente expressivo e comunicativo. De todo o palavreado, aquilo a que achei mais piada foi
“My name is Devin and my favourite animal is the fuckin’ unicorn”, dito algures entre
“Truth” e
“OM”. Quanto às caretas, é impossível escolher uma preferida.
“I think you deserve Ziltoid”, disse
Townsend antes de
“By Your Command”, enquanto o referido extraterrestre aparecia todo animado nos
videowalls. Numa das últimas cenas, uma mão humana estendia-lhe uma chávena do tão procurado café.
Um concerto memorável, onde
Ihsahn subiu ao palco para contribuir com vozes em
“Juular”, conforme acontece na versão de estúdio.
“Deep Peace” foi o último tema, sendo precisamente isso que
Townsend desejou ao público:
“Peace. Enjoy the rest of the show, okay?”.
http://www.hevydevy.com/Para encerrar a 3ª edição do festival, a organização escolheu outro tipo de lenda: o
old school death metal dos americanos
MORBID ANGEL. Embora o seu mais recente trabalho
”Illud Divinum Insanus” – o primeiro em 8 anos – não seja assim tão
old school...
Tocaram temas de todos os álbuns em que
David Vincent participou – o vocalista/baixista deixou a banda em 1996 e regressou em 2004 – tendo começado logo com
“Immortal Rites” do primeiríssimo
“Altars Of Madness” (1989). A única excepção foi
"Bil Ur-Sag", de
"Formulas Fatal To The Flesh" (1998), que terá sido decidido à última da hora, visto estar escrito à mão na
setlist impressa.
Vincent também estava muito falador e “naturalista”: primeiro, disse que via as estrelas no céu e nos nossos olhos; mais à frente, queria que gritássemos o refrão de
“I Am Morbid” alto o suficiente para acordar as estrelas e as árvores.
Outras frases que retive foram os 7 anos que tinham de compensar desde a última vez que tinham tocado em Portugal, e
“after all these years, we are still sworn to the black” para apresentar precisamente
“Sworn To The Black”.
“Where The Slime Live” é uma música cujo vídeo ainda me recordo bem de ver no Headbangers’ Ball da minha adolescência e não podia faltar na setlist dos
MORBID ANGEL. “God Of Emptiness” e
“World Of Shit” foram os derradeiros sons do Vagos Open Air 2011.
http://www.morbidangel.com/