ALLIANCEFEST
8 e 9 de Agosto
Carcavelos
Pavilhão dos Lombos
3000 pessoas
Texto: João Matos
Fotos: Carlos Ferreira
Aliança desunida O cartaz era o mais heterogéneo possível, sugerindo-se até, seguidos no alinhamento, bandas como Anathema e Marduk, ou seja, “A bela e o monstro”. Ainda assim, a ideia era salutar: unir os de preto com gostos diferentes. Até resultou! O problema foi no primeiro dia, uma espera eterna de horas que fez com que as bandas estrangeiras quase não tocassem e que os Moonspell enfrentassem um público já enlouquecido pela ira da espera. De qualquer forma o segundo dia correu tão bem que… a aliança acabou por se esquecer da cisão do dia 8.
No dia 8, a abrir o novo Festival de verão estava previsto que (às 16h30) subisse a palco a banda portuguesa Shadowsphere. Estão a recuperar fôlego depois de quase um ano de interregno, e… cancelaram o concerto. Ainda bem, é que por causa dos problemas técnicos, só houve som às “nove e tal”. E se já nem os “estranjas” tiveram tempo para tocar, os Shadowsphere e os Kalasnikov por certo poderiam tocar apenas… um tema. Digo eu. Seja como for, em declarações à Backstage, Luis Goulão (líder de Shadowsphere) dá-nos a explicação oficial: “O nosso guitarrista Nuno teve um trabalho na Madeira e não apanhou o avião a tempo de podermos tocar”. Está explicado então.
Já os Kalashnikov cancelaram porque “Ah e tal… logo hoje o nosso baterista partiu o pé num acidente”. As melhoras! No fundo sorte para o público, que assim já não teve que ver tal sensação televisiva que faz questão de gozar com “os de preto”. O público, ainda assim e no geral, aplaude os desvairos neo-terroristas do Ruce e do Reco. Kalashnikov não é assim tão giro, é apenas engraçadito e sem lugar em festivais.
Em relação às bandas “grandes” do primeiro dia, pouco há a dizer. Parte do público já estava cá fora a tentar reaver o dinheiro do bilhete, o Freitas já tinha subido ao palco para ver se não havia “mais cachamorrada” e tentou acalmar os ânimos. Foi infrutífero… e não era sequer ele que tinha que dar “informações” sobre o que se estava a passar.
Às “nove e tal”, lá sobem a palco os 3 Inches of Blood. Muitos até estavam lá por eles… mas em tão pouco tempo de concerto (quatro temas? Cinco?) pouco há a dizer. Next! Exodus. Depois de terem tocado em Corroios há dois anos eis que voltam. Mais vinte minutos? Trinta? Nada a dizer… ninguém já queria ver nada. Talvez apenas os Fintroll! Só que estes bravos resistentes, também só puderam tocar uns três temas… A zona é residencial e o avançado da hora assim ditou.
Chegaram os Moonspell. Que pelas declarações do Fernando (ver blog da banda em
http://forum.moonspell.com/viewtopic.php?p=207686#207686) não queriam MESMO ter tocado. Ainda assim, e por respeito aos fãs fizeram-no. Perderam um pouco o desafio. É que logo ao início, Fernando e Pedro foram atingidos com copos de cerveja cheios! Retorquindo Fernando: “há aqui muita gente rica, para desperdiçar cerveja assim…”. Tais fãs foram expulsos e o concerto lá se deu até com muita capacidade e força, atenuando o péssimo som e a tristeza generalizada. “At Tragic Heights”, “Night Eternal”, “Wolfshade”, “Love Crimes”, “Opium”, “Scorpion Flower”, “Blood Tells”, “Everything Invaded”, “Vampiria”, “Alma Mater” e “First Light”, no encore. De realçar, o facto de “Scorpian Flower” ter recebido a presença das quatro Crystal Mountain Singers, que é como quem diz da bonita Sílvia (dos saudosos Sarcastic), da cativante Carmen (dos Ava Inferi, ex-Aenima), da entusiástica Sophia (dos Cinemuerte, ex-Nua) e da carismática Patricia (ex-Volstad e companheira do Fernando). Quem foi já viu Moonspell “N” vezes e queria mesmo era ver Fintroll mas… a banda da Amadora não tinha culpa e apesar do adiantado da hora ainda conseguiu um profissionalismo único. Carlos Meph, líder da streeteam Moonspell-Portugal dizia-nos: “Os Moonspell deram o seu melhor, não deixando os seus fans prejudicados. De resto, o Fernando Ribeiro até se dirigiu por várias vezes ao público para pedir desculpas por algo de que eles nem tinham culpa!”
Depois do pesadelo que foi tudo o que aconteceu, a banda viajou para o mítico Mera Luna, onde tocou na noite seguinte, recuperando o alento. De enaltecer também a atitude de Fernando, que nos bastidores explicava às bandas estrangeiras que “Portugal não é assim, e acontecimentos destes são já muito raros e inexistentes”.
Dia 9 de Agosto
No segundo dia haviam muitas dúvidas. Aliás, logo durante o caos do dia 8 andavam por entre o público os Anathema, o que nos fez pensar “hhmmm amanhã nem cá metem os pés”. Na realidade não foi assim! Bem foi! Mas… mais ou menos. É que o Vince, por exemplo, só meteu um pé, já que ia de muletas e o outro pé estava sempre no ar, mas já lá vamos.
Às 16h30 em ponto, surpresa: os Echidna subiam ao palco. Nem atrasos nem nada! O segundo dia parecia já oleado e tudo estava dentro do previsto. Eu confesso que como sou um profissional apenas “assim assim”, e até pessimista, pensei que tudo iria atrasar de novo enormemente e fui desfrutar o solzito para a praia ali a 100 metros do recinto. Estive na praia de Carcavelos, regozijado, e como não foi dia de arrastão fui ficando. Quando dei por mim já eram quase sete da tarde e pouco faltava para Marduk. Motivo pelo qual sobre as bandas “tugas” (que não vi) deixo apenas o relato dos meus amigos que assistiram: Echidna – eh pá fixolas! Blacksunrise - porreiro de enérgicos pá! We are the damned - upa upa curti um molho!
De seguida a primeira banda grande, os Marduk! Acredite-se ou não, e perante a falta de profissionalismo dos técnicos de som, ao longo de todo o festival, foram ainda assim a banda com melhor som. Quem diria. Um timbre avassalador, riffs poderosos e um baterista “bem amestrado”. Os mais velhos já ficam com dor da cabeça a ouvir o Black Metal destes “bacanos” (ok, eu incluo-me!!), mas os mais novos, rodopiavam a cabeça ou faziam headbanging com veneração. Muito enérgicos conseguiram cativar, mas… todos os temas pareciam o mesmo. Receberam muitos aplausos mas lá está, as opiniões dividem-se. Se uns gostaram... outros menos. Por exemplo os Zé dos decanos Decayed dizia “Já não os ouvia há tanto tempo mas tinha ideia de serem muito mais agressivos! Aliás, tirando a tinta na cara nem trouxeram grandes apetrechos. Já o som... bem houve partes que até achei mais tristonhas, outras até confundi com emperor, parecia que estavam a tocar uma cover deles.” já Cabrudo (baterista dos Molestia) afirmava à Backstage “Não gostei Marduk!! Têm um elevado grau de sissypussismo crónico! Disparar uma metralhadora é simples… retalhar cadáveres é que é difícil”. E quem fala assim não é gago!
De seguida, aquela que é uma das melhores bandas da sua geração. Anathema! Não são estranhos ao nosso país (longe disso) e de metal já pouco, ou nada, têm. Ainda assim, poucos arredaram pé! Os Anathema são bons, muito bons! Dani entra em palco (com corte de cabelo à Marco Paulo década de oitenta, há que dizê-lo), seguindo-o um Vinnie (para os amigos) que vinha coxo. É um facto, partira um pé e veio cá tocar sentado, entrando em palco de muletas. Tal não serviu para beliscar minimamente nada!
Primeiro tema: “Fragile dreams” com uma intro de três minutos. Arrepiou! Seguiu-se “Empty” (vessel, etc etc) e um tema raro ao vivo, do Eternity eis que nos deram um “Far Away” pesadíssimo e muito, muito, lento. Brilhante! “Closer”, quase sem se ouvir a voz robotizada do Vinnie e depois entra a Lee, irmã do baterista John, para cantar “A natural disaster”. De seguida, um tema novo que, quem sabe um dia até sai num álbum, “Angels walk among us” um dos melhores temas da banda, há que dizê-lo em abono da verdade. “Flying” (o momento mais alto de todo o reportório da banda) e para causar ataque cardíaco às moçoilas já choronas seguiu-se “Deep” de Judgement. Brutal. O Alternative4 parecia de facto ser o mais eleito e veio “Shroud of false” e “Lost control”, mais uma choradeira para muitas donzelas. “Sleepless” para os góticos dançarem e o habitual “A dying wish” de dez minutos. Como encore (de novo) “Comfortably numb”. Okay, os Pink Floyd são os seus maiores ídolos, mas já cansa... Fizeram mal! Deviam ter tocado antes “Pressure” de A fine day to exit. De qualquer forma, concerto muito bom ainda que muito descontraído, festivaleiro e com “pregos” à mistura. O som não ajudou nada.
O dia corria bem mas depois houve quase uma hora de espera, mas pronto, já só faltava uma banda! É na boa!
Subida a palco apoteótica e os Arch Enemy pareciam de facto os mais esperados. Toda a gente veio lá de fora cá para dentro! “Blood On Your Hands” e “Taking Back My Soul” abriram a noite. "Nemesis" e "My Apocalypse" do Doomsday Machine e todos os fãs já entoavam loucamente. Não tanto quanto o último tema. "We Will Rise" é um autêntico hino e todos, mas todos os presentes, cantaram. Banda muito intrusada, tecnicamente perfeita e uma voz… de excepção! Ainda assim, há quem beliscasse o empenho de tal presença carismática. De novo ouvindo a opinião de Cabrudo (Molestia) ficávamos a saber que “A Ângela é uma gaja fixe, mas não é colombiana…”
Para o ano, há mais! (ou então não!!)
Exodus
Finntroll
Blacksunrise
Weare the Damned
Marduk
Anathema
Anathema
Anathema
Archenemy