REPORTAGEM XV HARD METALFEST - MANGUALDE
Foi no passado dia 10 de Janeiro que se realizou o
XV Hard MetalFest em Mangualde, promovido pela Rocha Produções.
Apesar de o Backstage não ter tido direito a acreditação, decidi marcar o meu lugar na excursão e fazer a reportagem de qualquer forma. O metal português merece todo o apoio possível, e divulgar estes eventos e as bandas que nele participam é sempre uma mais-valia para o sucesso de ambos.
De qualquer forma agradeço ao Rocha pelo facto de me ter autorizado tirar fotografias no “fosso”. Obrigada, foi uma grande ajuda!
Saliento que era a única representante de um meio de comunicação presente.
O dia 10 para o pessoal do Norte começou mais cedito. Enquanto famílias preparavam-se para almoçar, os nortenhos adeptos do metal (quase sempre as mesmas caras) entravam no autocarro rumo a Mangualde.
Com uma breve paragem para almoçar e brincar com resquícios da neve do dia anterior, eis que chegamos ao recinto do festival.
Um frio de rachar. Mesmo!! Até dava vontade de tirar o porco do espeto e irmos nós para as brasas.
A ordem do cartaz tinha sido alterada, e retirado o nome dos The Godiva que cancelaram a participação no evento uns dias antes. (O Backstage não sabe o motivo).
Depois de abraços e beijos ao rever caras conhecidas que só vemos nestes eventos, entramos para o recinto para assistir ao primeiro concerto do dia.
Mons Lvnae foi uma boa escolha para abrir as hostes do Festival.
A beleza de Célia Ramos, a sua voz fantástica, e um instrumental de elevada qualidade, ajudaram a aquecer um pouco o ambiente.
A actuação de Mons Lvnae foi muito bem conseguida, embora o frio tenha prejudicado um pouco. A plateia ainda não conseguia descalçar as luvas e tirar os gorros, daí não se terem manifestado muito mesmo com os sucessivos apelos de Célia: “Cheguem-se cá para a frente”.
Set List: Into Kyrie/Inexistence; The Long Nights Of Alamut; Seven Winds; In Extrema Spe Salutis; Away To The Mountais; Sangue Lusitano.
Alcoholocaust. Thrashers Old School!
Não era difícil identificá-los no meio da plateia! Vestiam como é hábito, os casacos de ganga cheios de emblemas.
Já conhecidos pelo público e pelo considerado “hino” da banda “Brigada Anti-Posers”, conseguiram cativar os presentes a iniciar o primeiro moshpit do dia, ainda que não muito em força.
Set List: Anti-Gótico; Satan Bock; Supremo Heavy Metal Negro; Brigada Anti-Posers; Rock N’Roll Assassino; Thrash Metal Ataque; Álcool & Metal; Velha Guarda.
Dawn Of Tears. Banda aguardada por alguns, mas ... a maioria olhava de lado. “Olha os góticos!!”, diziam com ar de desdenho.
Está comprovado que bandas com elementos masculinos que consideramos “bonitinhos” não são muito bem recebidos pelos nossos machos!!
Foi de facto uma actuação mais calma que as anteriores, mas não inferior em qualidade.
Boa presença em palco, simpatia, voz e instrumental muito bons. Trebol é sem dúvida um grande guitarrista.
Apesar de os apelidarem como “Os Góticos”, este projecto espanhol pratica um death metal sinfónico e já partilhou palco com Dimmu Borgir e Charon.
Set List: Lost Verses; Blaspheme Natured Messiah; Cadent Beating; Echoes f Eternal Life; The Pit And The Pendulum; Fucking Hostile.
Revolution Within, foram de facto a Revolução da tarde.
Conseguiram pôr uma plateia ainda muito adormecida, ao rubro.
Mosh, Crowd Surfing, Head Banging. Não faltou animação.
A evolução desta banda de Santa Maria da Feira é notória.
Com um novo baterista, têm tudo para vingar neste mundo. Em pouco mais de um ano, conseguiram passar de quase desconhecidos, para uma das bandas mais aclamadas de um festival. Mostram grande coesão e muita garra em palco.
Set List: Destroy; No Way; Stand Tall; Sinner; Silence; Into The Pit (Testament); Surrounded By Evil
Eis que entra em palco o trio espanhol
Rato Raro. Com apenas voz, uma guitarra e bateria, e uma performance na minha opinião não muito rica, conseguiram manter alguma animação no recinto.
Foi um debitar constante de temas. Vinte e nove para ser mais exacta. É verdade. Em apenas trinta minutos.
Os espanhois já estavam bastante animados e incitavam a plateia ao Mosh.
Set List: Intro...Mentemblanco...Intro; Atapuerca; Persiguiendo Al Dragon; Flashback Horror I; Odio Rabiarrrggghhh; Grindvore Motorhead Explotado; Flashback Horror II; Endogámico Lésbico Zoophílico; Goreado De Trip Gore; The Futher; Flashback Horror III; Fluido Hemorroidal Picante; Tripissima Satanidad; Flashback Horror IV; ...Acidethic..., e ainda mais 14 temas!!
Para encerrar a tarde,
Angriff .
"Jogavam" em casa, não só por serem de mangualde, mas também pelo baixista ser o organizador do Festival!
O ambiente acalmou um pouco, talvez por a plateia querer avaliar o desempenho desta nova formação, pela fome que já apertava, ou simplesmente não puxava.
Estiveram bem. Via-se que existe trabalho, mas sinceramente achei que os elementos da banda não estavam muito ali.
Pareciam distantes, frios. Compreendo que as expectativas deles para este festival não tivessem sido superadas, e que não conseguissem esconder a desilusão.
Vi poucos sorrisos, mesmo quando a plateia gritou “Angriff “e “dá-lhe Rocha”. Parecia que também o público os tentava motivar.
Com um pouco mais de garra e interacção com a plateia, o resultado seria concerteza melhor.
Set List: Born In Vain; Betrayer; Scott; War to Honor Your God; Godless and Obscene; Killing For Living; Art Of Agression; Thrash Metal Attack; Troops Of Doom.
Intervalinho para aquecermos o estomago!! Que bem que soube o porco assado quentinho, e arroz de feijão. Foi muito bem pensado. Não era barato (sandes a 3€, prato com arroz 4,5€), mas também não podemos considerar caro. Os copitos de cerveja a 1€ é que podiam ser maiorzitos ;) mas comparando a outros eventos, deixem estar assim.
A abertura da segunda parte do festival coube aos
Switchtense, uma das bandas mais aguardadas.
É verdade que já conhecemos, e que temos a possibilidade de os ver de vez em quando (o pessoal do norte), mas a plateia vai ao rubro com eles. Som brutal, thrash do mais alto nível. Opinião geral é que foi fantástico!
Mesmo com um pequeno (grande) contratempo o ânimo entre os presentes não acalmou. A coluna do Neto simplesmente berrou. Depois do problema resolvido, volta o êxtase.
Este concerto fica marcado também pela atitude do guitarrista dos Rato Raro que subiu ao palco e cuspiu o baterista (Xines). Diz ele que era para desejar boa sorte., enfim!
Um dos pontos negativos do festival foi mesmo o comportamento desse senhor que se encontrava alcoolizado e assumiu um comportamento arruaceiro e problemático.
O bailarico foi devastador. O pequeno caminho que tinha em frente ao palco protegido por umas grades que não estavam presas a nada, num instante desapareceu. Os seguranças e alguns estusiastas do concerto ainda afastavam as grades para eu passar, mas tinha poucos segundos para o conseguir fazer.
Set List: This Misery; Blood Of Victory; The Descent; Infected Blood; State Of Resignation; The Gallery Of Harrors; DNR; Into The words Of Chaos.
Ficamos então à espera do tão esperado Cd.
Dew_Scented!! QUE CONCERTO!!!!.
Impossível ultrapassar a fasquia de grande qualidade que estes alemães deixaram. Thrash Metal poderoso. Simplesmente Poderoso. Impossível ficar quieto.
A simpatia e alegria dos alemães foi contagiante, mas levou a que algumas pessoas abusassem. A invasão ao palco foi uma constante.
No princípio teve alguma piada. Subir para o palco, abraçar Leif e mergulhar na plateia. Depois de dezenas de invasões, encontrões aos guitarristas, abraços à força que interrompia Leif, penso que já estava a ser exagerado e a prejudicar a performance da banda. Ainda pensei que Dew-Scented parasse o concerto e pedisse um pouco de calma. Mas não! Muito profissionais, continuaram a curtir com a malta.
Nos intervalos dos temas, metiam-se com a plateia, com a menina que estava escondida atrás da cortina a escrever num computador, e até eu não escapei!! Quando subi para o palco (para tirar fotos, não para mergulhar eheh), Mark_Andree (baterista) sorriu e Leif virou-se para trás e com ar de malandro deu-me um: “Hellloooo”!!!
Elogiaram e dedicaram dois temas aos
Switchtense, o que originou ainda mais euforia entre a plateia e principalmente entre os elementos de banda portuga como podemos ver nas fotos:
Depois de encerrada esta grande actuação, todos os elementos foram para uma mesa onde tinham merchandise á venda, dar duas de letra com os presentes. Deliciaram todos com fotos, autografos e boa disposição.
Set List: Intro; Bitter Conflict; Turn To Ash; Into The arms Of Misery; Cities Of The Dead; Never To Return; Inwards; Contradictions; Locked In Motion; Rituals Of Time; Final Warning; Retain the Scars; Soul Poison; Acts Of Rage (Chaos).
Chegou a hora dos
Avulsed.
O Death/Gore praticado por estes veteranos não parecia por momentos ser do mais apreciado pela plateia pela pouca movimentação que se fazia sentir.
As coisas aqueceram quando Dave Rotten (voz), incentivado pelo conterrâneo vocalista dos Rato Raro mergulhou para o público. Acontecimento este que se repetiu constantemente.
O frio não se fazia sentir no palco! Depois de dois temas quase todos os elementos dos Avulsed ficaram de tronco nú.
Apesar de não ser grande apreciadora deste estilo, penso que a maior parte das pessoas gostaram do concerto, e foi o queimar as últimas energias. Já se viam pessoas a queixarem-se que íam ficar com um olho inchado, nódoas negras em todo o corpo etc. Quem anda à chuva, molha-se!!
Ponto negativo para mim, foram os constantes insultos (a maior parte não os deve considerar assim, pelos punhos no ar). Cabrones, etc, etc. Engraçado que quando uma banda portuguesa vai a terras espanholas, não pode dizer nada, e ao contrário ninguém se queixa!
Apesar de no cartaz do Festival não dar a entender que é uma banda portuga que encerra o dia, a verdade é que calhou aos
Epping Forest essa difícil tarefa.
Talvez não tenha sido a melhor opção! Não por não terem qualidade para encerrar um festival, porque têm e muita, mas por serem a banda que iria demorar mais a montar o material antes de actuar.
Como eram os últimos, a maior parte do publico já estava de rastos com tanta bebida e porrada. O intervalo ter sido maior fez com que aproveitassem para se sentarem. Levantar depois já era muito dificil.
Apesar de boas criticas aos Epping Forest, black Metal não era definitivamente o estilo com que os presentes mais se identificavam. Aliás penso que em Portugal o Black Metal não é devidamente apreciado.
O novo elemento, Trevash, foi muito bem recebido pelo público. Claro está que além de mostrar ser excelente no baixo, a postura e beleza também ajudaram.
Foi realmente uma pena, o deserto que se fez sentir no em frente ao palco. Além de motivar quem está em cima do palco, a qualidade de som que nos estavam a porporcionar, merecia.
Parabéns mais uma vez ao Mystic pelo reconhecimento da
Dean Guitars. É sem dúvida um grande mérito para este grande músico.
Alvo de excelentes criticas foi também para Menthor, baterista. "O gajo é uma máquina"!
Set List: Intro; Epping Forest; Battle; Bad Omen; WTFT; Devouring; Everblasting; Sphinx´s; Merging.
E, acaba mais um
Hard Metal Fest.
Infelizmente só apareceram cerca de 130 pagantes. O mau tempo, e o facto de as estradas para Viseu terem sido cortadas no dia anterior, prejudicou bastante a adesão ao evento.
É claro que muitos desistiram de se deslocarem a Mangualde com receio de ficarem retidos pela neve. Foi pena, porque a qualidade do Festival merecia muito mais. Sem falhas no som, luzes. Horários cumpridos ao pormenor. Não encontro nenhum ponto negativo a apontar à organização. Só temos que agradecer à Rocha Organizações e esperar que em 2010 tenhamos mais um festival de igual qualidade.
Agradeço aos seguranças o apoio e ajuda que me deram. Obrigada também aos Alcoholocaust, Revolution Within e Dawn of tears, por terem tido o trabalho de escrever o set list para mim. Obrigada aos Switchtense pela lembrança (vocês sabem!). Obrigada aos Epping Forest por se lembrarem de mim antes de rasgarem a set list. Bem, obrigada a todos. Tirando uma ou outra, o ambiente foi super familiar.
Texto & Fotos: Sandra Manuel