IN FLAMES
EUROPEAN TOUR 2011
13 de Setembro de 2011
Hard Club
Line-up: NOCTIFERIA, IN FLAMES
Texto: Renata Lino
Fotos: Sandra ManuelAo princípio da noite o Hard Club estava ainda bastante abandonado – não só os
NOCTIFERIA são pouco conhecidos por cá, como o FCP jogava em casa e o jogo era transmitido na televisão. Mas os poucos presentes receberam a primeira banda de braços abertos. Ou melhor, erguidos no ar, com berros a acompanhar.
Formados em 1992 em Ljubljana (capital da Eslovénia) sob o nome
EMETICA, só dois anos mais tarde adoptaram o nome actual (que, já agora, significa “noite eterna”). Desde então editaram um álbum ao vivo e quatro de estúdio, tendo passado por várias mudanças de
line-up e de estilo. Talvez por isso, por agora tocarem metal industrial em vez do
black metal melódico de outrora, os 45 minutos que estiveram em palco foram dedicados ao álbum mais recente,
“Death Culture” (2010), com apenas duas músicas do anterior.
“Terror” deu início ao concerto, e depois de
“Deluders And Followers”,
Gianni Poposki deu as boas noites e agradeceu a nossa presença, dizendo que era o primeiro concerto da
tour e como era bom esta ali em Portugal, também pela primeira vez.
“This is the era of Death Cult” foi a introdução para
“Non Individuum”.
“Viajando no tempo” (usando as palavras de
Poposki), até
“Slovenska Morbida”, tocaram
“Evil Vs. Evil”, seguida da única música que conhecia,
“Demoncracy”, que foi o primeiro vídeo que apareceu no YouTube quando procurei pela banda.
Para os dois temas finais,
“Samsara” e
“Mara”,
Poposki foi para trás de um
set de percussão montado no centro do palco (a bateria estava à esquerda).
Na despedida,
Poposki bateu com a palma no coração, e o guitarrista
Igor Nardin juntou as mãos, como numa oração, gestos que mostram o quanto tinham apreciado a recepção.
Não me lembro onde li que os
NOCTIFERIA eram a melhor banda de metal da Eslovénia. Não sei se é verdade, mas que deram um muito bom concerto, isso deram.
Setlist:
http://www.setlist.fm/setlist/noctiferia/2011/hard-club-porto-portugal-bd0293e.htmlwww.noctiferia.netPara
IN FLAMES a casa estava cheia. O palco ficou pronto rapidamente, e não havendo já movimento de
roadies, pensávamos que os suecos subiriam ao palco às 22:00. Mas não, e a impaciência crescia, até que alguém começou a gritar
"IN FLAMES, IN FLAMES!" e praticamente toda a sala seguiu o exemplo.
Acho que eram 22:15 quando o tema-título do último álbum acabou com a espera e pôs o rebuliço em andamento.
Em
“Deliver Us”,
Anders Fridén estendeu o microfone na nossa direcção para gritarmos aquelas duas palavrinhas, e como as gritámos!
Mantiveram-se em
“Sounds Of A Playground Fading”, com
“All For Me”, e foi então que
Fridén falou ao público, perguntando como estávamos e dizendo que sabia que tínhamos esperado
“a loooooooooooooooong while” (passaram 9 anos desde a última vinda dos
IN FLAMES a Portugal). De repente pediu a máquina fotográfica a um fã na primeira fila, dizendo com ar sério que naquela noite ele não ia fotografar... nós é que deveríamos ser fotografados. Tirou algumas fotos à plateia antes de devolver a máquina (não sem antes fingir que não tencionava fazê-lo) e apresentou o clássico
“Trigger”. Foi quando o verdadeiro
mosh começou.
“Swim”, do álbum
“Clayman”, foi uma surpresa, pois não a tocavam ao vivo há imenso tempo. E
“The Hive”, de
“Whoracle”, encheu as medidas dos fãs mais
old school.
Muitas das vezes ouvia-se mais o público que o próprio
Fridén, que levou o vocalista a classificar-nos de
“beautiful”, dizendo ainda que
Björn Gelotte de certeza que estava a esconder uma erecção por trás da guitarra.
O técnico de luz fazia anos naquela noite, e mal
Fridén o disse, uns poucos começaram a cantar os parabéns. Outros fizeram o mesmo, mas sem acompanhar os primeiros, de modo que estavam todos a cantar uns para cada lado.
Fridén abanou a cabeça, mandou parar e recomeçar, todos juntos. Aí sim, cantámos em sintonia.
Em
“Only For The Weak” pôs-nos todos a saltar e em
“Delight And Angers” puxou um fã para o palco. Trocou o micro pela câmara do rapaz e mais uma vez andou a fotografar o público. Quanto ao rapaz, não sei se não sabia a letra ou se estava simplesmente envergonhado (ou extasiado), pelo que preferiu estender o micro ao público e limitou-se a saltar. Quem pegou no micro fez um bom trabalho, ao ponto de
Fridén lhe dizer no final
“you have a strong voice, my boy”.
Fridén agradeceu então à equipa que os acompanhava. Que eles,
IN FLAMES, só bebem cerveja e tocam metal, o trabalho é todo da
crew. Por isso pediu-nos uma salva de palmas e acrescentou ainda que um dos técnicos de guitarra era português, o que mereceu mais palmas ainda e o nome gritado por todos: “Fish, Fish, Fish!”.
Fish não teve outro remédio senão vir à frente do palco, onde
Fridén o abraçou e embalou por momentos. De seguida disse-nos que queria que nós dançássemos como ele e
Fish tinham feito, ao som de
“Cloud Connected”.
O concerto terminou com
“The Mirror’s Truth” e
“Take This Life”. A banda despediu-se com um ar satisfeito e agradecido, e todos esperavam que voltassem para um
encore. Tal não aconteceu, para desilusão total, mas a verdade é que foram interpretadas 16 músicas em cerca de 80 minutos – não se pode dizer que tenhamos “sido roubados”. E se ficaram alguns clássicos por tocar... bem, com mais de 20 anos de carreira e 10 álbuns editados, é impossível tocá-los todos. A prestação em palco foi incrível e pela reacção geral de quem lá esteve, creio que a
setlist foi algo secundário. Claro que gostaria de ter ouvido
“Pinball Map” ou
“My Sweet Shadow”, por exemplo, mas não fiquei de todo desiludida.
Setlist:
http://www.setlist.fm/setlist/in-flames/2011/hard-club-porto-portugal-53d02f49.htmlwww.inflames.comAgradecimentos: Prime Artists, por mais uma oportunidade para realizar esta reportagem; Toño Aguirre, por me ter cedido a setlist
de NOCTIFERIA; Carlos, por literalmente me ter protegido as costas. Se não fosse ele, provavelmente teria saído do Hard Club com mais do que apenas um lábio rebentado...