REPORTAGEM REVERENCE FESTIVAL - VALADA - 2015
Foi no fim de semana passado que a segunda edição do Reverence Festival teve lugar. O parque de merendas de Valada no Cartaxo, Santarém, recebeu mais de nove mil festivaleiros nos dias 27, 28 e 29 de Agosto de 2015. Ao longo dos três dias de festival ao invés de dois como na primeira edição, passaram por lá 72 atuações, incluindo 56 bandas divididas pelo Palco Rio, Palco Praia e Palco Reverence, 2 Sunrise Jam Sessions e 14 DJ sets. Para muitas das bandas internacionais que passaram neste recinto foi esta a primeira vez que tocaram em Portugal.
O Reverence Festival está apenas na sua segunda edição, mas a fama já o persegue. Fama de diferente, excêntrico, alternativo.
Basta chegar à entrada "abraçada" por serpentes para sentir que chegaram a um festival diferente. Hoje em dia são poucos os festivais com aquela verdadeira essência que existia há uns atrás. O de chegar, montar tenda, relaxar e curtir a música e ambiente.
Chega-se ao recinto e fica-se encantado com a dimensão, com a excelente organização de espaço, com a decoração. Nenhum pormenor é deixado ao acaso. As cores vivas da decoração animam logo à partida o visitante ainda hesitante. Uma zona ampla de restauração com um mercado de frutas e zona lounge onde podem estar sentados em pufs a relaxar e conviver. Uma "feira das almas" com vários tipos de artigos para venda (artesanato, roupa, etc). Os espaços vazios são preenchidos aqui e acolá com árvores decoradas e esculturas, cinema ao ar livre entre muitas outras curiosidades como o touro mecânico que desperta de imediato a vontade de experimentar e com aparelhos de ginástica. Sim, aparelhos um pouco diferentes com as instruções em grande plano onde se coloca uma moeda como os divertimentos das crianças e praticam o determinado exercício por algum tempo. Com tudo isto é inevitável não sentir curiosidade em percorrer todo o recinto para descobrir cantos diferentes. No entanto e como é habitual em grandes festivais, não existe em absolutamente lado algum alguém a distribuir brindes publicitários.
Na quinta-feira um único palco em funcionamento serviu de aquecimento para os dias seguintes.
Na sexta-feira, no palco Reverence, um pouco deslocados do género musical das outras bandas tiveram os pesados Process Of Guilt e Bizarra Locomotiva. Estes últimos apesar das incertezas de adesão do publico, contaram como já é habito pelos fieis seguidores que se auto-intitulam de escumalha. Tanto os do norte como do sul juntaram-se e estavam prontos para o bailarico. Os Bizarra Locomotiva não sabem dar maus concertos. Com a constante visita do frontman Sidónio às grades que separavam o publico do fosso do palco para cantar e saltar com a escumalha em peso. Começaram com a energia e garra que já lhes é propria e acabaram com a nudez de Sidónio. Foi um set curto mas muito apreciado por todos os presentes, mesmo os que não conheciam tão bem a banda. "Vou começar a chorar" ouvia-se quando subiram ao palco os franceses Alcest . Temas como Les Iris, Autre Temps e Delivrance num concerto intimista que fez as delicias dos presentes.
Os americanos Jon Spencer Blues Explosion começaram com alguns problemas técnicos que depressa foram esquecidos pela enorme qualidade como músicos deste trio. Com uma presença em palco fantástica os nova-iorquinos promoveram o seu último trabalho Freedom Tower.
O palco Reverence encerra com uma das bandas mais esperada deste festival os californianos Sleep. A perfeição de um dos mais importantes grupos de doom metal da história deixou a enorme plateia que assistia ao concerto de boquiaberta.
O último dia do festival contou com uma alteração de última hora. Os Echo Lake cancelaram a sua atuação que foi imediatamente substituída pelos chilenos Chicos de Nazca que atuaram no primeiro dia.
O Reverence Festival facilmente se torna um dos festivais eleitos para passar três dias onde a música quase não tem pausa, num recinto banhado com o rio Tejo que faz as delícias dos festivaleiros.