WHAT IF... TOUR 26 de Setembro de 2011
Hard Club
Line-up: MOTEL 21, MR. BIG
Texto & fotos: Renata LinoDurante a tarde, o Hard Club anunciou o concerto no seu Facebook, terminando com "ainda há bilhetes". Fiquei a pensar se seria uma estratégia de marketing ou se realmente iria estar uma casa tão cheia que era necessário alertar sobre os últimos bilhetes disponíveis. Era a segunda hipótese!
Claro que isso não se verificou logo ao abrir das portas. Em grande parte devido à fraca promoção alertando para uma primeira banda, mas também um pouco por o nome
MOTEL 21 não dizer nada a muita gente - e infelizmente é essa a realidade do nosso país: só as "bandas grandes" interessam ao público.
Eu própria nunca tinha ouvido falar deles, mas sempre tive uma atitude de "passo-a-conhecer". E qual a minha surpresa quando, afinal, reconheci dois dos músicos dos meus tempos de escola! Pelo menos esses passaram por bandas como os
EXCISE,
NÓRDICA e
DUST, o que demonstra que não são propriamente novatos na matéria.
Com uma guitarra eléctrica e duas acústicas, temperado com teclas, providenciam um
rock ligeiro agradável.
Rock ligeiro, não
heavy metal – o vocalista
Diogo Lima usou este termo mais à frente meramente como um exemplo do que se faz fora das luzes da ribalta, que é difícil ter uma banda desse género em Portugal, pois só o fado tem projecção. E como tal, a solução era incorporar o fado. Com acordes típicos do estilo, onde creio ter reconhecido alguns d'
"A Vaca De Fogo" dos
MADREDEUS, adaptaram o som da guitarra portuguesa ao tema
"Uprising" dos
MUSE (o que não deixei de achar engraçado, pois junto vieram as habituais palavras "há que apoiar o que é nosso" e foram escolher uma banda britânica para passar a mensagem). Em todo o caso, ficou uma
cover muito interessante, original, e que a maioria do público acompanhou. E aplaudiu. Mas já nos temas dos próprios
MOTEL 21, como
“If It Goes Up” ou
“On The Edge”, tinham mostrado agrado com palmas e
hey!s.
Uma meia hora bem passada, que terminou com
"Back In Time", tema da altura em que ainda faziam parte dos
DUST.
www.motel-21.comAinda não eram bem 21:30 quando as luzes se apagaram e, um a um, os quatro elementos dos
MR. BIG entraram em palco.
"Daddy, Brother, Lover, Little Boy" foi o tema de abertura, com
Paul Gilbert e
Billy Sheehan tocando o solo com um berbequim em vez de uma palheta – ou não fosse o título alternativo desta música
"The Electric Drill Song".
Não tinha ideia que os
MR. BIG tinham tantos fãs devotos em Portugal. As músicas mais conhecidas eram cantadas do princípio ao fim por toda a sala, mas mesmo aquelas que não passavam na MTV tiveram direito a um sonoro coro.
Sonoro é também o adjectivo certo para as cordas. Amante de baixo como sou, fiquei do lado de
Sheehan, onde o som deste abafava tudo o resto. E tenho a certeza que quem ficou do lado de
Gilbert sentiu o mesmo em relação à guitarra. Mas lá ajustaram o volume, ou os meus ouvidos acabaram por se habituar, e antes do concerto chegar a meio já conseguia ouvir a voz de
Eric Martin e distinguir melhor os outros instrumentos.
Martin não precisava dizer o título de
“Just Take My Heart” depois de ter anunciado que a música seguinte era do início dos anos ’90 e que tratava de
“heartache”.
Os solos de
Sheehan e
Gilbert foram minutos de pura genialidade, enquanto que
Martin irradiava boa disposição ao dançar e saltar. E também quando nos pôs,
“brothers and sisters”, a berrar aleluia e algo que agora nem consigo repetir mas tinha “rabo” pelo meio – alguém lhe ensinou o significado da palavra e ele estava todo divertido ao fazer-nos pronunciá-la.
Depois de
“Addicted To That Rush” fizeram a vénia de despedida, mas não tardou para que voltassem para o
encore.
Martin queria que cantássemos com ele e acordássemos a vizinhança com
“To Be With You”. E se não fosse pela excelente insonorização do Hard Club, acho que a teríamos acordado mesmo.
Seguiu-se
“Colorado Bulldog”, e embora a
cover de
Cat Stevens,
“Wild World”, tenha sido um marco na carreira dos
MR. BIG, foi
“Smoke On The Water” dos
DEEP PURPLE que escolheram para o repertório. Com uma particularidade: todos trocaram de posição!
Gilbert foi para a bateria,
Martin para a guitarra,
Pat Torpey para o baixo e
Sheehan deu um espectáculo na voz. A meio da música
Sheehan passou o micro a
Torpey, pegando na guitarra de
Martin, que por sua vez foi para o baixo – só
Gilbert continuou todo entusiasmado atrás da bateria.
Torpey também cantou bem.
O derradeiro tema foi
“Shy Boy”, da autoria de
Sheehan e interpretado originalmente por
David Lee Roth.
Durante duas horas – sim, duas horas! – assistimos a um concerto de
rock pintalgado de
blues de extrema qualidade.
Sheehan já cá tinha estado há uns anos, no Cinema do Terço, para um
workshop, mas foi a primeira vez que os
MR. BIG tocaram em Portugal. E ficaram encantados. Prometeram voltar. Acredito que só não o farão se não arranjarem uma promotora que os traga, pois a vontade da banda de regressar estava estampada nas suas caras. Assim como na nossa de que queríamos vê-los novamente.
Setlist:
http://www.setlist.fm/setlist/mr-big/2011/hard-club-oporto-portugal-bd009de.htmlwww.mrbigsite.com