Reportagem Porcupine Tree - Pure Reason Revolution

Texto: João Matos
Fotos: António Pedro Nascimento



7 de Outubro
Margem sul do Tejo
Incrível Almadense
Mil e tal pessoas
Steve Wilson e amigos, em Almada.


Ainda antes de passar ao moço dos óculitos, eis que urge dizer que é nostálgico, e até tão raro, ver um concerto na mítica sala a sul do Tejo. A Incrível Almadense relembra sempre concertos como o de Anathema a 4 de Dezembro de 94 (ainda com Darren White, que depois foi para Blood Divine) ou o de uns Amorphis (95) que por estarem tão ébrios, naquele distante dia, tocaram os temas assim de forma algo… “javarda”. Ok, a adjectivação é algo excessiva, mas… por exemplo, o “Against widows” nem se percebia nada. Parecia mesmo outro tema… inventado no momento. Entretanto a “Incrível”, tem estado quase sempre fechada, sendo que em mais de uma década… penso só lá ter ido para ver Fear Factory em 2006.
Enfim… memórias.
Desta feita, o regresso a tal casa foi feliz. Isto porque os Porcupine Tree não são uma banda qualquer, são uma banda especial! Tão especial que nesta resenha até lhes chamaremos sempre “PT”, para facilitar. (será PT, porém eu estava indeciso entre chamar-lhes “Sô Vítor” e/ou então “Zé Carlos”).
Os progressivos PT começaram há mais de 15 anos, quando um moçoilo de óculitos (à Chico fininho) era tão “neird”, tão “neird”, que era, nada mais, nada menos, que justamente programador informático. Nos tempos livres metia-se com as colegas de trabalho (esperando abébia de alguma amélia) mas, na maioria do tempo dedicava-se a compor, e gravar, temas em casa, assim um bocado para o sozinho. No entretanto, a excelência das suas musiquetas começam a dar que falar, a rodar pelo circuito underground mais progr., e eis que um álbum é gravado. Decorria o ano de 91 e “On the Sunday of life” era lançado. Agora estamos já em 2008 e Steve Wilson passa por Portugal para promover “Fear of a blank planet”, o EP “Nile recurring” e comprovar o bom estado da banda (excepto o baterista, sempre meio disléxico).
Sorridente, pisa o palco de Almada por volta das 22h07 (e 49 segundos, vá), perante o gáudio de mais de mil fãs. Curioso é fazer a análise demográfica do “povo” que foi assistir: desde os habituais “métles” entre 18 e 22 anos, a pessoal 100% à civil e já de quarentas e tais… (para além é claro do presidente da junta de freguesia).

De Paul Reed Smith em riste, Steve e os PT (também teria sido um nome fixolas para a banda) acendia a noite com “Wedding nails”(instrumental de “In absentia” 2002).
Um tema cativante e explosivo, a abrir a noite. Seguia-se a guitarrita acústica e a oferta de “Normal” do novo EP (Nile recurring). De “In Absentia” chegou “Prodigal” e “Blackest eyes” um dos mais brilhantes temas. Gerou a primeira apoteose e todos cantaram. Apesar do baterista desencontrado, neste tema em particular todos estiveram impecáveis e quase parecia um playback do álbum, ainda que mais emotivo.
Muito bom! O primeiro momento de “Fear of a blank planet” veio com “Anesthetize”. Tema longo, muito longo, mas com toda a gente a cantar, de forma emocionada, aquando do refrão catchy, e enérgico, a meio do tema “Only MTV, cult philosofy…it’s all…in me”. Momento longo e, ainda sem respirar fundo, “Open car”, um dos melhores momentos de toda a carreira da banda e que contou ainda com um improviso de 2 minutos, bem pesado, a meio do tema (à la Dream Theater), continuando de seguida com um resto do tema. “Open car” (de Deadwing) foi mágico.
“Dark matter” (de Signify, 97), “Drown with me” e “Star dies” antecediam “Strip the soul” tema single de “In absentia” que tanto rodou na tv portuguesa (ok… só o curto-circuito passou o single).

Actualmente os PT tanto têm de progr. como de Metal, ou até experimental, e o tema que se seguiu, “Half light” (um B-side do single “Lazarus”) mais parece Sigur Ros do que PT. O que é bom, pois os Islandeses são… algo de único.
A fechar os dois últimos temas de “Fear of a blank planet”: “Way out of here” e “Sleep together”. O público, para lá de tais catarses, gostou mesmo foi dos encores “Sleep of no dreaming” e o muito desejado “Halo” de “Deadwing”. “Trains” ficara de fora, mas logo no início do concerto, Steve avisara “eh pá…só cá tocámos uma vez em Vilar de mouros e vou dizer algo que digo em todos os sítios em que tocamos pela primeira vez - muitos temas que vocês gostariam de ouvir vão ficar de fora, temos já muitos álbuns.
Mas… voltaremos cá!”
“In absentia” e “Deadwing”, foram responsáveis por um novo fôlego dos britânicos, mas algo que também serviu de mote e regenerou um pouco a banda, com um som mais metal, foi a grande amizade de Mr. Wilson (o Steve, não o velhote vizinho do Dennis) com Mikael Akerfeldt, líder e mentor de Opeth. Este, diz que é o fã número 1 de PT (pelo menos é o que já li em entrevistas) e tal ligação levou a que Steve se notabilizasse também como produtor dos venerados Opeth, conseguindo mesmo inovar o som da banda sueca, sendo mesmo muito responsável pelo desenlace final de um “Damnation”, por exemplo, onde compôs a esmagadora maioria dos teclados. Daí para a frente “N” bandas famosas de metal queriam-no como
produtor, mas por dedicação aos Blackfield, aos PT, e a outros projectos, Steve tem declinado todo o trabalho como produtor. Algo que não rejeitou (especialmente depois de ver o passo de gigante que os Opeth conseguiram com a Roadrunner, através do “Ghost Reveries” foi um contrato com a mesma editora. Entraram pela primeira vez numa editora mais orientada para o Metal e desde então não pararam de progredir no estrelato, tendo até ido pela primeira vez tocar três datas à Austrália e outras quantas no México.
Voltando ao espectáculo “lisboeta”, a festa de Porcupine durou cerca de hora e tal, e antes dos PT tocaram uns britânicos chamados Pure Reason Revolution que… não são nada maus. A baixista e o guitarrista ritmo cantam, ora em conjunto, ora individualmente, e no geral a banda até faz lembrar algumas passagens de PT, ainda que num vertente muito mais “alegre” e “contentinha”.
Tocaram pouco tempo mas pareciam ter já uns quantos fãs, a aplaudir e muito. Destaco dois temas que me parecem amplamente bons: “Victorious cupid” e “Twyncyn willows”.
Por favor vão até: http://www.myspace.com/purereasonrevolution e escutem, vale muito a pena!

Parabéns pela reportagem e fotos :D
Também estive, mas no Porto :d eehhe
Excelente concerto :P

Também os vi no Porto. Bestial !!!

e já agora, curtia voltar á Incrivel Almadense :d aquilo é uma maravilha lolol :d
então para quem gosta de Stage Diving lolo, ainda me lembro em 1996 , com FEar FActory , na tour do Demanufacture,completamente louco